segunda-feira, 16 de março de 2009

Balançar

Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...

(...)
Mafalda Veiga

terça-feira, 3 de março de 2009

Esquece....

A pouco tempo do inicio de mais um concurso de professores, os nervos começam a estar à flor da pele, o estômago dói e começamos a fazer contas, tantas que se poderia dizer que envolvem altos conhecimentos de probabilidades. Aliás, acaba de me ocorrer, qual o modelo probabilístico que melhor explica a distribuição dos professores pelas escolas? Se X for uma variável aleatória que indica a distância da residência habitual à escola onde um professor está realmente colocado, suponho que X segue uma Distribuição Normal de média 50 km e desvio padrão 20 km. E que o tempo, em anos que um professor aguarda para ficar colocado a uma distância razoável, variável aleatória Y, segue talvez uma Exponencial (10 anos), etc, etc, etc, Sugiro que as próximas teses de mestrado se dediquem a estas áreas, um campo pouco explorado e prevê-se que muito dado a novas descobertas científicas.
Para além destes altos conhecimentos probabilísticos, é também relevante ter alguns conhecimentos de aritmética elementar e contar quantos professores estão a frente na lista de graduação, quantos querem manter-se mais ou menos na mesma zona, quantos querem mudar de zona, analisando exaustivamente todas as listas de colocação dos últimos 10 anos. Sim, pois, com o domínio das novas tecnologias, tornou-se possível seguir o rasto de milhares de professores. Qual Big Brother!!!
Um outro requisito essencial a estes concursos de professores é uma boa capacidade de leitura e interpretação de legislação que sai tarde e em que as regras mudam a cada ano que passa. Acho que nem os treinadores de futebol mudam de estratégia com tanta frequência. Se há 3 anos a estratégia foi convencer alguns milhares a integrarem um QZP, agora a ideia é encaminhá-los para uma escola sabe-se lá onde. A este propósito ocorre-me uma imagem de um filme que vi há umas semanas, Austrália: depois da longa caminhada para conduzir o gado até a cidade, cujo nome não me lembro, este foi conduzido ao navio, sem qualquer alternativa de escape. Pois eu sinto o mesmo - professora contratada, horários de substituição, três escolas num ano, vários anos de confusões e intrigas com o ministério da educação, reclamações não aceites, colocações duvidosas, noites sem dormir em guerra com o sistema informático criado pelos senhores da 24 de Julho, três anos muito longe de casa – uma longa caminhada, mas confiante de que no final conseguiria algo melhor, que sinceramente não sei o que seria, vejo-me agora encaminhada para um certo navio que vai de certeza dar a Vila do Bispo ou a Alcoutim. Claro que não tenho nada contra estas localidades, simplesmente são mais uns locais onde a lotaria destes concursos me poderá levar.

Portanto, em relação a esse sonho de ficar mais próxima da residência habitual, …., esquece lá isso!