quarta-feira, 16 de abril de 2008

Meditações

Apetece-me escrever. Apetece-me escrever sobre as minhas tomadas de decisão, a minha inconstante paciência que varia entra a tolerância em dose dupla e o “desaparece já da minha frente”. Curiosamente, fico, num número considerável de vezes, com a impressão que tomei a decisão errada. Agi tempestivamente quando o assunto era pouco relevante, fui tolerante e compreensiva com quem não o merecia.
Há quem viva para o seu próprio umbigo, não conheça mais nenhum pronome para além do “eu”, pense que o mundo gira à sua volta. Há quem tenha um “lábia” daquelas, capaz de convencer qualquer um que apanhe um pouco desprevenido, de por a chorar as pedras da calçada. Há ainda quem tenha falta de escrúpulos e poucos problemas de consciência ao enganar, ludibriar, passar a perna, etc.
De facto, considero que uma pessoa honesta só pode viver em tranquilidade se tiver uma boa dose de capacidade de persuasão ( não digo “lábia” visto ter anteriormente associado este termo a alguma falta de honestidade). É este pensamento que me leva em determinados dias, a questionar-me sobre o que eu faço aqui, nesta selva, o que é que eu tenho a ver com esta gente.
Lembro-me de, em determinada altura da minha vida, ter feito um passeio guiado pela Serra da Arrábida onde avistei umas pequenas construções, uma espécie de ermidas. Segundo nos explicaram, em tempos idos, alguns monges, possivelmente do convento que lá existe, refugiavam-se nessas ermidas, viviam precariamente, alimentando-se de plantas silvestres, insectos e outras coisas que iam encontrando. Muitos deles, acabavam por morrer ou porque ingeriam plantas tóxicas ou por doença. Nestas miseráveis condições de vida, os monges procuravam a proximidade com Deus, a paz interior, a única coisa que lhes invejo.
Tendo nascido e vivido no campo, é lá que penso ser possível encontrar essa paz interior. Será? Por outro lado, podemos concluir que a tal paz interior está, como o nome indica, no interior de cada um, no assumir capacidades e limitações, nos valores e princípios que norteiam a vida a nossa vida. É com alguma tristeza que constato, frequentemente, que a esperteza saloia é o principal e em alguns casos o único valor na vida de tantas pessoas…

5 comentários:

Anónimo disse...

Só espero que não esteja inserida nesse grupo de pessoas que só pensa no seu umbigo.....:( e que te apeteça dizer "desaparece já da minha frente"
Eu até tenho a consciência que, ao ser humana, tenho atitudes iguais ao comum dos mortais....mas quando for o caso diz-me, porque, às vezes, é mesmo necessário para acordar desses valores mesquinhos que também me são comuns....

Aquela tranquilidade de que falas, também a tento encontrar, muitas vezes em vão, no lugar da minha infância ou , no presente, passeando pela praia deserta (o que aprendi a fazer).Mas devo confessar que a dose de paciência que me caracteriza, neste últimos tempos, se deve a ti, à tua presença.
BIGADUCHA
JINHOS

Dora disse...

É claro que não estás incluida nesse grupo!
Devo que dizer que tenho aprendido muito contigo!
Jinhos

Anónimo disse...

Ops....e sempre pensei que nada tinha para ensinar!!!!!!
Modestia à parte.....eu sei que sou um poço de qualidades.......

ANDARILHO disse...

Olá.
É a primeira vez que aqui venho e gostei deste post. Às vezes também me apetece ter essa paz interior e quando me apetece imagino essas coisas todas que descreveste. Ir para o campo, estar semi-isolado, ... mas não tenho tempo para isso. Quando o tenho, dá-me seca e parece que não preciso nada dessa paz. Acho que só sinto essa necessidade quando estou com a sensação de ter muitas coisas para fazer (por obrigação).
Bj

Anónimo disse...

Olá!
O campo, ou outra coisa qualquer, os nossos refugios(?)Ilusórios/vitais(?)
Obrigada pelo comentário,
Bj